A rua é um ente público, espaço democrático de contato entre as pessoas: isto, quando a cidadania é plena. Também pode se tornar um ambiente hostil - para crianças, mulheres, deficientes... -, quando, de espaço de convivência, a rua se transforma em gueto ou abriga situações de segmentação social extrema. Nesta circunstância, o grande vilão, o agente desvirtuador do uso da rua é sobretudo o automóvel, que transforma seu caráter, de local acolhedor, para espaço única e exclusivamente destinado aos deslocamentos.
Mas aqui, neste estudo comparativo de ruas das cidades de Madri e Curitiba, o autor limita-se à analise deste elemento do ambiente urbano sob a ótica do uso do pedestre - ou "peatón" - e do transporte público. São examinados e comparados itens como mobiliário de pontos de ônibus, a qualidade e acessibilidade das calçadas, sinalização para pedestres, integração dos sistemas de transporte, tipo de veículos adotados.
O ensaio é de 2010 e, como mencionado, compara as realidades das qualidades físicas de ruas brasileiras e espanholas. São endereços onde residiu o autor, em suas estadas por Madrid e Curitiba. Posteriormente, o artigo serviu como fonte para outro texto assinado pelo engenheiro Roberto Ghidini ("As calçadas de pedestres, Curitiba e Madri - semelhanças e diferenças"), e publicado em 2013 no livro "Brasil Não Motorizado" (Editora La Bmol), uma coletânea de textos sobre mobilidade urbana assinados por diversos profissionais da área.
*Roberto Ghidini tem artigos publicados em revistas especializadas no Brasil e no exterior. É engenheiro civil (UFPR-1982), com pós-graduação: DEA em Urbanística y Ordenación del Territorio (DUyOT/ETSAM/UPM – 2007). Trabalhou no DER-PR (1982-1990), foi consultor sobre transportes para Ferroeste (1989-1990), Sanepar (1991-1992), Comec (2003-2004), UPM (2006-2010), onde é co-fundador de NeReAs y CEDEX (2008). É membro da Sociedad Peatonal.