Este trabalho analisa as aproximações de influência que estas infraestruturas urbanas exercem sobre as áreas próximas às paradas (pontos de embarque/desembarque) dos dois sistemas. E aborda as possíveis alterações provocadas no cotidiano destas cidades no entorno destes serviços, produzidas a partir das suas implantações, ampliações e das melhorias técnicas operadas.
Buscou-se compreender como se dá o comportamento dos usuários, desde a hora do desembarque do transporte, e qual a dinâmica territorial do entorno das estações originada a partir destas interrelações.
Adotou-se uma metodologia experimental para entender quais os fluxos dos passageiros logo que deixam o metrô ou o BRT e caminham pelo espaço urbano no entorno das estações.
De um lado, a pesquisa buscou conhecer como evolui o processo de densificação ou de ocupação nas áreas servidas pelo transporte público; de outro, como o movimento pendular do transporte interage para a conformação dos usos e tendências num território (a dinâmica territorial).
Muito embora o estudo apresente as semelhanças e diferenças entre estas duas situações urbanas (Curitiba e Madri), com seus respectivos sistemas de transporte, a conclusão não se mostra diferente, e reafirma a interação existente entre as urbes e seus meios de transporte. Esta conclusão é materializada pela observação do entorno das estações, que são de fato locais onde as pessoas circulam e realizam suas atividades diárias, bem como no relacionamento de vizinhança no bairro onde vivem e/ou trabalham.
Como foi dito, o objetivo do estudo foi testar e medir a participação do transporte público como instrumento de desenvolvimento socio-econômico e das dinâmicas territoriais nas áreas próximas às estações, e as relações sociais ali estabelecidas.
A conclusão é que, sim, a vida social no entorno do transporte público é intensa o suficiente para criar relações entre os passageiros e os espaços criados pelos sistemas desde os seus pontos de parada.
Já a qualidade destas interações sociais dependerá ainda das características ambientais das paradas, das diferenças entre os modais de transporte (no caso deste estudo, modais diferentes), e da localização das paradas. São variáveis que atuam como difusores na abertura de contato e no estabelecimento de relações interpessoais. Também favorecem a prática de atividades que poderão ser executadas durante as viagens, da estação de embarque ao destino dos passageiros do transporte - por exemplo, o mover-se para encontrar com amigos, fazer compras, sacar dinheiro, comunicar-se etc. A média das interações sociais aferidas neste estudo foi de 72% (sendo 74% para Madrid e 68% para Curitiba).
Finalmente, observou-se que a velocidade da dinâmica territorial pode estar diretamente relacionada com o tempo da existência de uma linha de transporte de massa e da estação de passageiros numa determinada área. Outras variáveis também influenciam nesta relação, como densidade, renda per capita e ambiente de design urbano, que também atuam de forma significativa na capacidade de provocar mudanças territoriais e na velocidade com que essas alterações ocorrem.