Chegando na Alemanha – Mobilize Europa
Mobilize Europa

29
abril
Publicado por admin no dia 29 de abril de 2013

Quando cheguei na Alemanha, pela pequena cidade de Rheine, logo pude perceber a diferença com relação à vizinha neerlandesa. Se no país por onde entrei na Europa tudo era extremamente planejado, simétrico e perfeito, do outro lado da fronteira não parecia ser a mesma coisa. As construções já não seguiam o mesmo padrão, as bicicletas tinham que compartilhar espaço ora com os carros, ora com pedestres, e a sinalização sumia de quando em vez. Não seria nada demais para quem chegou do Brasil, mas eu acabara de sair da Holanda.

 

Centro de Osnabruck com acesso permitido apenas para pedestres e bicicletas

Centro de Osnabruck com acesso permitido apenas para pedestres e bicicletas

 

Já sentia falta das placas indicativas para bicicletas, com os nomes das cidades e suas respectivas distâncias, e achava aquilo tudo muito estranho, já que não era nem um pouco compatível com a fama de organização do povo alemão. Logo eu iria perceber que não passava de um mal entendido. Na Alemanha existem mais de 40 mil quilômetros de ciclovias e ciclorrotas turísticas, ligando diversas cidades por todas as regiões do país. Cada uma destas rotas possui uma simbologia própria, presente nas placas de sinalização durante todo o caminho. Isto eu só fui descobrir mais tarde, quando o modelo se mostrou extremamente eficiente e simpático.

 

Placa indicativa de ciclorrotas turísticas

Placa indicativa de ciclorrotas turísticas

 

No campo ou na cidade

Mesmo nas pequenas cidades o trem é o responsável pelo transporte de passageiros para longas distâncias, como para os municípios mais importantes de cada região, por exemplo. Praticamente todo vilarejo é cortado por uma linha de trem e possui uma estação – quando esta não está na vila vizinha, a poucos quilômetros de distância. Parece inconcebível para um alemão viver em uma cidade que não possua ao menos uma linha de trem. Para o deslocamento entre a zona rural (praticamente todas as cidades alemãs por onde passei, até chegar em Bremen, tinham a mesma estrutura) e o centro, ou entre bairros distantes, é muito fácil utilizar o ônibus. Os pontos são cobertos, protegidos do vento, possuem paraciclos, mapas e o itinerário das linhas. Além disso, os veículos são equipamentos confortáveis e com bom sistema de aquecimento.

 

Painel digital com horário dos ônibus em ponto de Osnabruck

Painel digital com horário dos ônibus em ponto de Osnabruck

Os deslocamentos de curta distância podem ser facilmente feitos de bicicleta ou a pé, já que as cidades por aqui são planas, suas calçadas espaçosas, regulares e sempre presentes. Pedestres e ciclistas tem preferência sobre os demais veículos, mas é preciso ficar atento: existe sinalização própria para estes casos e ela deve ser respeitada, sob o risco de acidentes. Nos cruzamentos todos esperam pacientemente o sinal indicativo para a travessia, mesmo que não haja ninguém cruzando seu caminho. As ciclovias também estão por toda a parte, e mesmo sem seguir o mesmo padrão holandês, mostraram-se incrivelmente eficientes. Muita gente utiliza a bicicleta, independente da idade, e posso afirmar sem medo de cometer algum equívoco ou injustiça, que nestas cidades é um modal mais importante do que o automóvel, por exemplo. As bicicletas ficam paradas em cada poste, em cada esquina, em frente às lojas, nos mercados ou em qualquer ponto onde possam ser fixadas. Existem inúmeros paraciclos espalhados por todas as cidades, de diversos tamanhos e formatos, mas assim mesmo são insuficientes para a enorme quantidade de “magrelas”. O fato de as ciclovias passarem ora pelas calçadas, ora pelas ruas, pode parecer confuso de início, mas logo o usuário se acostuma e consegue uma boa fluidez no seu deslocamento.

 

Ponto de ônibus na zona rural de Osnabruck

Ponto de ônibus na zona rural de Osnabruck

Nas cidades um pouco maiores, como Osnabruck e Bremen, também é comum a utilização de trens leves (VLTs) e trolebus, que quase sempre compartilham os seus trilhos com os ônibus. No centro histórico de Bremen, por exemplo, o acesso de automóveis é restrito, mas é possível se deslocar facilmente utilizando os trens urbanos, as bicicletas ou a pé. A diversidade de opções surte efeito e não se vê congestionamentos por aqui. Pelo menos em uma semana transitando por diversas cidades na Alemanha eu ainda não os vi. Quase sempre o sinal verde para os carros coincide com o dos pedestres, quando ambos se deslocam no mesmo sentido, e os motoristas esperam pacientemente os passantes atravessarem as ruas, mesmo que isso implique perder a chance de fazer a conversão. Ainda assim, quase não se ouve uma buzina.

VLT (tram) na região central de Bremen

VLT (tram) na região central de Bremen

 

Também são muito comuns, mesmo nas cidades menores, os painéis indicando a quantidade de vagas disponíveis para o estacionamento de automóveis em determinados locais, como nas proximidades de hospitais, do centro, dos aeroportos, das estações de trem e assim por diante. Embora não desenvolva grande velocidade quando transita pela cidade, o motorista de carro não encontra grandes dificuldades para chegar ao seu destino, e consequentemente não parece incomodado com os limites de velocidade ora de 60, ora de 30, ora de 20 quilômetros por hora. Isso pode parecer curioso ao olhar de um paulistano, acostumado com a pressa da “cidade grande”, mas aqui tudo tem seu tempo. Vale lembrar que Bremen não é nenhuma pequena ilha de utopia, onde tudo fica supostamente mais fácil: possui mais de 500 mil habitantes, está próxima de uma região de grandes indústrias, portos e um dos maiores polos de exposição de automóveis do mundo.

 

Senhoras pedalando em Bremen

Senhoras pedalando em Bremen

 

Leia o outro blog de Du Dias, Dicamelo: http://dicamelo.wordpress.com/

 

 



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